Recebi, esses dias, a news do Canal Meio, e este tópico me chamou a atenção:
O ex-goleiro Bruno, condenado a 22 anos de prisão, carrega as chaves da própria cela e faz segurança em presídio de Minas Gerais. Em entrevista à Veja, Bruno, que já passou por Bangu e por outros cárceres convencionais, conta que, no presídio mineiro, fez cursos de soldador, pedreiro e jardineiro. Diz que, ali, recuperou a dignidade.
Antes de começar, já venho com dois poréns:
- Eu não quero discutir aqui qual é o “grau de bandidagem” dele, que crime ele cometeu. Ele vai servir só como um exemplo.
- Eu também não quero discutir o fato de a notícia ser da Veja. A Veja mente e todos os outros veículos mentem. Cada um defende a sua verdade. O problema da Veja é outro.
Dito isto, vamos ao que eu efetivamente quero dizer.
As guerras entre facções e outras tantas notícias que lemos sobre o sistema carcerário brasileiro deixam extremamente claro que esse modelo não funciona. Não colabora. Não ajuda.
Há, dentro dos presídios, criminosos “de carreira”, que viveram matando-roubando-estuprando, e estes podem não mudar de vida mesmo que as condições do cumprimento da pena colaborem.
Mas há, também, aqueles que cometeram um crime (não estou, aqui, analisando o tipo de crime) e foram, digamos, condenados a cinco anos de reclusão. Qual é a chance dessa pessoa sair “melhor” do presídio? Essa pessoa pode não se render ao “crime de carreira”, mas ela entra lá e vai depender da ajuda de quem efetivamente manda lá dentro – e isso a gente sabe que não é a polícia. Essa pessoa vai dever favores para sobreviver naquela selva que é o presídio. Então, ela sai. Não se tornou “de carreira”, mas segue devendo favores pra quem tá lá dentro. E vai ter que ajudar seu protetor, mesmo estando livre, com a pena cumprida. Essa pessoa seguirá presa à sua pena.
Por isso que eu não acredito no sistema prisional em seu modelo atual. Pelo menos em sua maioria. Porque existem, sim, projetos e presídios que dão oportunidades. Que fazem mais do que simplesmente colocar em reclusão. Algo tipo isso:
Trabalho externo. Trabalho dentro do presídio. Qualificação. Se queremos que as reclusões valham a pena, precisamos acreditar na reinserção social. Cada caso é um caso, mas não podemos apenas desistir das pessoas. Muitas vezes eu digo que já desisti da humanidade, mas isso é brincadeira. Ainda acredito que há como mudar.
Nossa, agora até lembrei que há também criminosos de carreira ocupando altos cargos em nosso governo. Mas isso é assunto pra outro post.