[resenha] Achados e Perdidos – Stephen King

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E foi numa sentada (na beira da praia) que eu terminei Achados e Perdidos, o segundo livro da trilogia Bill Hodges. Novamente, Stephen King me surpreendeu. Não por ter sangue, machadinhas, mortes e um suspense duca*, mas pela trama policial

Achados e Perdidos (Finders Keepers, no original) conta a história de Morris Bellamy e de Peter Saubers. Os dois têm décadas de  diferença de idade, mas muito em comum: a paixão pela literatura – e por Jimmy Gold, personagem criado por John Rothstein -; a casa onde moram e os sonhos.

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A história salta entre 1978 e os anos 2010, de forma que King nos permite acompanhar dois tempos narrativos – a vida de um jovem Bellamy e, em paralelo, a vida do jovem Saubers e do  velho Bellamy. É interessante acompanhar o desenrolar de fatos e personagens de Mr. Mercedes, o que me permitiu ter um novo olhar sobre o grande crime do primeiro livro, entendendo mais seus efeitos sobre a cidade e as pessoas.

Quando a trama engrena, o detetive – agora efetivamente aposentado – Bill Hodges dá as caras, chefiando a empresa de investigações Achados e Perdidos, ao lado de sua amiga Holly. Eles entram na história para ajudar a irmã de Peter Saubers, que estranha o comportamento do irmão. E, sim, ela tem todos os motivos do mundo pra isso.

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No começo, eu achei o livro mais lento do que Mr. Mercedes, o primeiro livro da trinca Hodges. O vai-e-vem entre os tempos narrativos, apesar de fazer total sentido para a compreensão da história, acabou sendo um pouco cansativo. E isso me fez deixar o livro pela metade por alguns meses. Maaaaas, como eu odeio me sentir derrotada pelos livros, peguei ele pelo chifre, encarei e, no final, adorei!

Que final, senhores! Não apenas o final do caso Bellamy – ou até onde você iria pela sua paixão por um livro/autor? – mas pelo gancho que vai certamente me levar ao Último Turno, que  encerra a trilogia Bill Hodges.

Apenas aguardando pra saber mais sobre o destino de Brady Hartsfield? Será ele mais um grande monstro criado por Stephen King?

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O que eu pensei: se na contracapa de Mr. Mercedes o Hartsfield já foi definido dessa forma, como ele foi visto no final de Achados e Perdidos? Porque, pra mim, o último capítulo superou todas as expectativas! Como dizemos por aqui, BAITA GANCHO!

Ah, agora pra finalizar!

E ainda sobre Mr. Mercedes: vai ter série! Os detalhes estão aqui!

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Sobre a escrita [uma resenha]

Todo mundo conhece Stephen King, mesmo sem saber. Afinal, ele é o pai dos livros que inspiraram os clássicos filmes de suspense e terror O Iluminado,Cemitério maldito, It (nossa, como eu tenho medo desse palhaço!), Carrie, a Estranha e Under the dome. Segundo a lista da Forbes que o @blog-do-beco publicou, ele é um dos 10 escritores mais bem pagos do mundo, empatado com a mãe do Harry Potter.

Uma das maravilhosas histórias que Mr. King conta está em Sobre a Escrita — A Arte em Memórias, que li na semana passada.

#leião, ok!

Dividido em três partes (que na verdade equivalem a duas), King conta a origem de sua escrita, o que em seu passado influenciou em sua formação de escritor e como se tornou o best-seller que é hoje. Da infância nômade com a mãe e o irmão ao casamento com a colega de faculdade (que se tornou sua maior incentivadora e Leitora Ideal), passando também pelo rascunho de Carrie, A Estranha resgatado por ela do lixo (livro que alçou Stephen ao sucesso!) e o vício em drogas e álcool, tudo é relatado para mostrar que pode não ser fácil, pode parecer impossível, mas que dedicação, empenho e foco ajudam a chegar lá!

Cada um com a sua bagunça, certo?

Na segunda parte, King faz um manual de escrita. Ele conta, em detalhes, o que vai em sua caixa de ferramentas de escrita. Os elementos de estilo, parágrafos, ritmo, personagens, criatividade… Tudo é detalhado para ajudar quem quer desenvolver a escrita. Claro que ele não entrega o ouro, até porque talento é algo que uns têm e outros não — apesar de ele defender que um escritor comum pode se tornar um bom escritor.

A base de tudo, para King, é ler muito e escrever muito!

  • Ele sugere que se leia porque gosta e não apenas porque é trabalho, tanto coisas boas quanto ruins, o que ajuda a refinar a escrita e o estilo.
  • Ele sugere escrever para praticar em um local adequado, tendo um cronograma que permita o cumprimento de metas diárias. Afinal, é uma profissão!

Lá no final, ele ainda apresenta duas versões do 1408, produzidas na forma que ele recomenda: a primeira, escrita à porta fechada (sem parar, direto, sem pitacos de terceiros) e a segunda, de porta aberta (depois de terminada a obra, ele indica deixa-la descansar por umas seis semanas, numa gaveta, e só ser revisada depois desse período, de cabeça fresca), rabiscada e editada. É essa segunda versão que ele distribui pra sete ou oito Leitores Ideais, que indicarão o certo e o errado no texto.

Neste ponto, ele lembra:

1ª versão(-) 10% = 2ª versão

A terceira parte, que acaba sendo parte da primeira, ele conta sobre o atropelamento que quase o matou, a recuperação e o processo de escrita deste livro.

Pra fechar, publico aqui o último parágrafo, que sintetiza tudo:

PARA FICAR FELIZ, OK?


Esse texto foi publicado originalmente no Medium, mas gosto tanto dele que resolvi trazê-lo pra cá!

11.22.63 – uma resenha

Eu contei lá no Medium, em janeiro, que eu queria assistir 11.22.63. Pois bem, eu assisti! E AMEI! ❤ ❤ ❤

 

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James Franco, Stephen King e J.J.Abrams – como não amar?

Cara, como Stephen King me faz feliz. 😀 Amo suas histórias e, mesmo que as adaptações não sejam ipsis literis o que ele escreveu, sempre me surpreendem e agradam.

A série é curta – tem 8 episódios – e nós matamos em dois dias. #maratonando

Foi divertido ver um cara de 2015 chegando e se adaptando aos anos 1960.

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Bem-vindo ao passado, Jake!

Ficaram super marcadas as diferenças culturais – e eu não tô falando só de não haver internet e tal. As conversas (“você pode falar menos palavrões, por favor!”), os relacionamentos, o racismo, o papel da mulher na sociedade, está tudo ali, escancarado, dando na nossa cara!

Mudar o passado pode parecer simples, mas não é! Quantas vezes nos perguntamos “e se?” em relações a coisas que dissemos ou fizemos… Não tem como saber, assim como Jake achava que sabia o que aconteceria se ele tivesse êxito.

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Mas o mundo é cheio de poréns e de talvez, uma coisa gera outra. É um efeito borboleta. Se vivemos no mundo que temos hoje, é porque os acontecimentos caminharam dessa forma, era pra ser assim. E se tivéssemos feito diferente?

Ou como a Drika questionou no domingo, durante uma conversa com a minha sogra, “e se o Jerri tivesse servido a Aeronáutica, hoje ele seria dindo do Lucca?”. Não tem como saber, a única certeza que temos é o que somos.